quarta-feira, 7 de julho de 2010

20 anos sem Cazuza - "Por que meu canto é o que me mantém vivo"


Agenor de Miranda Araujo Neto, o Cazuza, como sempre foi chamado por seu pai antes mesmo de nascer, completa 20 anos de sua partida, deixando uma saudade muito grande para a família, amigos e fãs.

Nascido no dia 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, filho de João Araújo (produtor musical) e Lucinha Araújo (cantora). Teve contato com a música desde muito cedo: sua casa sempre foi freqüentada por Caetano Veloso, Elis Regina, Jair de Oliveira - e sem falar nos Novos Baianos que praticamente acamparam na sala de sua casa. Quando criança desenhava mapas urbanos, pensava ser arquiteto. Apaixonado pelos poemas de Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes começou a escrever poesia às escondidas.


Em 1976 presta vestibular para Comunicação, desistindo do curso com menos de um mês de aula. Pouco tempo depois viajou com seu primo Paulo Muller a Londres para fazer um curso de inglês. Quando retornou, foi contratado por seu pai para trabalhar como divulgador de artistas na Som Livre; entre eles, Sandra de Sá, sua amiga e comadre. Em São Francisco – Califórnia, fez um curso de fotografia na Universidade de Berkeley. Dois meses depois, notou que não era o seu caminho. Após uma viagem à Suíça com seus pais, entrou no curso de teatro do Prefeito Fortuna participando da peça “Pára-quedas do coração”, junto com sua amiga e parceira Bebel Gilberto. Foi no teatro que Cazuza descobriu que o seu talento poderia ser mostrado através da música.


Em 1981, com 23 anos, foi indicado pelo cantor Léo Jaime para o grupo Barão Vermelho. Lá encontrou Guto Goffi (bateria), Mauricio Barros (teclados), Dé (baixo) e Roberto Frejat (guitarra), com quem iria estabelecer uma grande amizade e parceria, marcando a história do rock nacional.


No inicio de 1982, uma fita demo chega as mãos do produtor Ezequiel Neves, que logo mostrou ao diretor artístico Guto Graça Melo da Som Livre. Juntos, eles tentaram convencer João Araújo a contratar o Barão Vermelho, embora João tenha se recusado no início com medo de ser acusado de nepotismo, já que o vocalista era o seu filho. O Barão grava o seu primeiro LP tendo bastante aceitação dos artistas, entre eles Caetano Veloso, que incluiu “Todo amor que houver nessa vida” (Cazuza / Frejat) no repertório do show “Uns”.


Já em 1983, sai o segundo disco, tendo a música de trabalho “Pro dia nascer feliz”, que foi gravada por Ney Matogrosso, abrindo portas para o grupo começar a tocar nas rádios. A convite do diretor Lael Rodrigues, o Barão compõe a música tema para o filme “Bete Balanço” (Cazuza / Frejat) e lança em 1984 o terceiro álbum “Maior Abandonado”, rendendo um disco de ouro e dois dias de shows no Rock Rio de 85 (um dos maiores festivais de música depois do Wood Stock) que foi transformado em um disco ao vivo.


Mas não foi o suficiente para “o maior poeta de sua geração”, como disse Caetano Veloso. Cazuza partiu para a carreira solo estourando com as músicas “Exagerado” e “Codinome Beija-Flor”. O sucesso continua; no mesmo ano foi convidado para fazer a trilha do filme “Num trem pras estrelas” de Cacá Diegues, no qual entraram as canções “Brasil” e a música-título feita em parceria com Gilberto Gil.


Em abril de 1987, semanas antes de estrear o show “Só se for a dois”, Cazuza descobre ser portador do vírus HIV. Meses depois, viaja para Boston para fazer um tratamento tido como o mais avançado da época. Sem tempo a perder, ele continua compondo as letras das músicas que viriam a fazer parte do disco “Ideologia” (1988), que conta com Frejat na gravação das guitarras. Cansado de tanta especulação, deu entrevista ao jornalista Zeca Camargo assumindo ter AIDS, sendo o primeiro artista brasileiro a declarar que era portador do HIV. Alguns meses depois lança o LP ao vivo “O tempo não pára” (1988) música que encerrava o show.


Com a saúde abatida e na cadeira de rodas, Cazuza recebeu sete indicações para Prêmio Sharp de Música sendo grande vencedor da noite, ganhando três troféus por “melhor disco pop-rock” com “Ideologia” e “melhor música na categoria pop-rock” e “música do ano” com “Brasil”. Entra em estúdio para gravar o seu último disco, o álbum duplo “Burguesia’’ (1989) deixando um recado na última canção “Quando eu estiver cantando”, dizendo: Porque o meu canto é o que me mantém vivo.


No dia 7 de julho de 1990, Cazuza é vencido pelo vírus da AIDS. Como já disse Pedro Bial “o encerramento melancólico de uma década de euforia", época na qual o poeta soube descrever tão bem.


2 comentários:

  1. eu queria ter nascido na época de sucesso dele!

    :D

    ResponderExcluir
  2. hum, boa matéria... eu tenho é muita saudade desse cantor... qria q estivesse vivo mas no meu coração ele permanece
    :(

    ResponderExcluir